sábado, 30 de maio de 2009

Coordenação nervosa

O sistema nervoso dos animais complexos é responsável pela coordenação nervosa, ou seja, permite aos organismos detectarem variações das condições do meio externo e do meio interno e dar as respostas mais adequadas. O sistema nervoso está organizado em dois sistemas.
- o sistema nervoso central (unidade central de processamento), constituído pelo encéfalo (cérebro, cerebelo, bolbo raquidiano) e pela medula espinal;
- o sistema nervoso periférico (unidades de transmissão do fluxo nervoso), constituído pelos nervos cranianos e pelos nervos espinais.



Os estímulos externos são captados por receptores e transmitidos ao sistema nervoso central, onde a informação é processada. A informação resultante deste processamento é conduzida aos efectores, onde se dá a resposta ao estímulo.
As vias nervosas responsáveis pela transmissão da informação desde os receptores até aos centros nervosos são denominadas vias aferentes ou nervos sensitivos. Pelo contrário, as vias nervosas responsáveis pela transmissão da informação desde os centros nervosos até aos efectores são denominadas vias eferentes ou nervos motores.
O sistema nervoso é constituído por inúmeras células, os neurónios. Os neurónios são, então, as unidades básicas e funcionais do sistema nervoso. Cada uma destas células apresenta um corpo celular, com o núcleo e o citoplasma, a partir do qual partem numerosas ramificações, as dendrites, e uma ramificação maior, de diâmetro relativamente constante, o axónio, que termina numa arborização terminal.




Os neurónios associam-se entre si, constituindo uma rede complexa, através da qual as informações são transmitidas. Um nervo é estruturalmente constituído por feixes de axónios ou fibras nervosas, envolvidas por tecidos densamente vascularizados.
Designa-se impulso nervoso à informação que percorre os neurónios. Nesta transmissão do impulso nervoso, a membrana celular dos neurónios desempenha um papel fundamental. De facto, verifica-se uma diferença do potencial eléctrico entre o interior e o exterior da membrana celular, sendo o exterior positivo e o interior negativo. Esta diferença de potencial é denominada potencial de repouso e corresponde a um estado polarizado da membrana. O mecanismo de polarização da membrana está relacionado com a desigual distribuição dos iões nas duas faces. Esta distribuição desigual dos iões é, por sua vez, uma consequência da permeabilidade selectiva dos iões através da membrana.

Quando um neurónio é suficientemente estimulado, o valor do potencial de repouso varia, como consequência da alteração da permeabilidade selectiva da membrana. Esta alteração produz, localmente, uma despolarização, ou seja, internamente, a membrana fica positiva e, externamente, negativa. Edta modificação local do potencial da membrana é denominada potencial de acção, que acaba por ser o ponto de partida para o impulso nervoso. A propagação do impulso nervoso ao longo do axónio inicia-se, então, no local da membrana que foi inicialmente despolarizada. Este local, por sua vez, vai perturbar o local imediatamente vizinho, que entretanto se despolarizará. À medida que esta onda despolarizadora percorre o axónio, os locais anteriormente despolarizados retomam a situação eléctrica inicial, ou seja, ficam novamente polarizados (diz-se que ocorreu repolarização).

Quando um impulso nervoso chega ao final de um axónio, passa para a célula seguinte através de uma sinapse. Uma sinapse é uma estrutura específica que permite que os neurónios comuniquem com as células receptoras, com as células efectoras ou entre si. Numa sinapse, o neurónio não chega a tocar directamente na célula seguinte, uma vez que existe um espaço, a fenda sináptica, que separa as duas membranas. Assim, a fenda sináptica separa a célula que transmite o impulso nervoso - célula pré-sináptica - da célula que recebe o impulso - célula pós-sináptica. Então, quando um impulso nervoso passa através de um axónio para a célula seguinte, não atravessa directamente a fenda sináptica. Em vez disso, o impulso provoca, na célula pré-sináptica, o rebentamento de vesículas que contêm mediadores químicos - os neurotransmissores. Estas substâncias atravessam a fenda sináptica, sendo, posteriormente, recebidas pela célula pós-sináptica. Quando esta célula é um outro neurónio, os neurotrnasmissores vão desencadear uma perturbação na membrana, originando um novo potencial de acção que percorrerá o axónio.

Regulação nervosa e hormonal nos animais

As trocas entre os animais e o meio podem ocorrer directamente com as células ou, então, através de fluidos corporais, como o sangue e a linfa. As alterações do meio em que os animais vivem produzem variações no meio interno. Normalmente, estas variações do meio interno ocorrem em pequenos intervalos, cujos limites são compatíveis com a vida. Nestas condições, ocorre no interior dos animais uma série de reacções, químicas e físicas, que permitem manter as condições do meio interno relativamente constantes e independentes das variações exteriores. Este conjunto de reacções permitem alcançar um equilíbrio interno é denominado homeostasia. Dito de outra forma, homeostasia consiste numa persistência das condições constantes do meio interno do organismo, através de um processo dinâmico de regulação.
Nos animais mais complexos, a manutenção de um estado de equilíbrio entre o meio interno e o meio externo é assegurado pelo sistema nervoso e/ou endócrino, responsáveis, respectivamente, pela regulação nervosa e hormonal.